A Geografia Agrária, o campo brasileiro, a questão agrária...
- Rodrigo Gomes
- 30 de mar. de 2016
- 2 min de leitura
A Geografia Agrária está entre as áreas de estudo que mais me enche os olhos, junto com as temáticas do ensino de geografia e da educação do campo. Esse tema me instiga tanto por não entender (seria me conformar) como a alta concentração de terras nas mãos dos latifundiários e as desigualdades no campo ainda são tão presentes.
Mesmo com as lutas incessantes e as conquistas dos movimentos sociais e organizações do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e a Comissão Pastoral da Terra – CPT... o campo brasileiro ainda vive um atraso de dimensões gigantescas, no que se refere a realização de uma reforma agrária e a prática de políticas públicas para o campo que fortaleça a identidade do camponês.

Fonte: www.mst.org.br
Entendo que o grande pilar da questão agrária brasileira é a alta concentração de terras, e que só a reforma agrária de fato seria capaz de promover melhorias para o campo, promovendo igualdade e justiça para os povos campesinos. Para se ter ideia de como é o atual espaço agrário brasileiro no que se refere à concentração de terras, elaborei dois pequenos gráficos de acordo com o Censo Agropecuário de 2006, tomando como base os dados sobre a agricultura familiar e o agronegócio:

Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE).

Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE).
Segundo o Censo Agropecuário 2006, 4,4 milhões de estabelecimentos competem à agricultura familiar representando 84% do total, mas que ocupam apenas 24% da área. Já o agronegócio (cerca de 800 mil propriedades) representa 16% do numero de estabelecimentos e ocupa 76% da área total. Esses dados evidenciam uma estrutura agrária ainda muito concentrada no país. Apesar disso, em 2006 a agricultura familiar foi responsável por um terço do Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária nacional e em contrapartida, o agronegócio, por dois terços do VBP. Esses números comprovam que, no geral, as propriedades familiares são mais eficientes, isto é, nelas o aproveitamento econômico da área é maior do que nas propriedades do agronegócio e isso vale para todas as regiões brasileiras.
O debate sobre a questão agrária brasileira é muito amplo e divergente, com uma grande gama de discussões. Entre os principais geógrafos que trabalham o tema temos o Ariovaldo Umbelino de Oliveira como uma grande autoridade da Geografia Agrária, dentre as obras do Ariovaldo Umbelino, existe uma que me chamou bastante atenção e que me levou a grandes reflexões sobre o campo brasileiro, é o livro “Modo Capitalista de Produção, Agricultura e Reforma Agrária”, estou adicionando abaixo o link para download, vale muito a leitura, RECOMENDO!
Por fim, gostaria de agradecer a minha professora Francisca Maria Teixeira Vasconcelos, professora do curso de Geografia da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, por ter me apresentado a Geografia Agrária, mais que isso, por me fazer entender que o geógrafo precisa ser um militante da sua causa e contestador deste sistema capitalista vigente que tanto nos aprisiona.
Vamos a Luta!
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